segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Se ninguém apoia, como iremos crescer?

Pesquisa feita pelo IBOPE em 2010, onde o Flamengo
tem a segunda maior torcida no Ceará
Algumas semanas atrás fiz um texto no Bora Leão (leia aqui) sobre a valorização do futebol local. Alguns podem achar divertido lembrar dessa pesquisa e ver que nosso clube rival tem torcida menor do que a do Flamengo. Eu já acho preocupante, isso porque a nossa torcida, mesmo aqui também não era muito maior do que a deles. Na época o Globo Esporte.com divulgou que o mapa de curtidas das páginas dos clubes no Facebook e apenas o Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e São Paulo não tem um clube de fora do estado com mais curtidas em alguma de suas regiões (confira aqui). No dia 4 de Abril, eu fiz um artigo para o portal Opinião Sport Club sobre uma declaração do Secretário de Esportes do Acre sobre a partida Rio Branco e Vasco.

SE NINGUÉM APOIA, COMO IREMOS CRESCER?
Partida entre Rio Branco-AC e Vasco
pela Copa do Brasil desse ano, no Acre

Por muitos anos existem piadinhas sobre o Acre existir ou não. O esquecido estado ao Norte do país, nunca teve lá muita tradição. Foi com o Rio Branco suas maiores conquistas, como as três vezes que foi até as Oitavas-de-Final da Copa do Brasil, o quase acesso à Série B em 2009, o título da Copa Norte em 1997 e outras menores estatísticas. Desde a criação da Copa do Brasil em 1989, diversos times grandes jogaram no estado. Clubes como São Paulo, Flamengo, Fluminense, Santos, Cruzeiro, Botafogo, Internacional, Atlético Mineiro e ontem o Vasco da Gama já jogaram no estado em partidas da competição. Nos últimos nove anos, os torcedores locais ainda ganharam a charmosa Arena da Floresta como palco pros jogos no estado, mas como almejar sonhos maiores se o principal clube da cidade joga como visitante no próprio estádio e o próprio Secretário de Esportes do Estado torce pela classificação dos "forasteiros" ao invés de dar força para os conterrâneos?


Rio Branco e Vasco entraram em campo ontem às 19:30 para jogaram pela Primeira Fase da Copa do Brasil de 2015. A última vez que um clube do estado havia passado de fase, tinha sido ano passado, ainda na Fase Preliminar, quando o Rio Branco eliminou o Real Noroeste do Espírito Santo, mas em fases válidas, a última vez foi em 2004, quando o mesmo Rio Branco tirou o Rio Negro do Amazonas ainda na Primeira Fase. É real dizer que falta tradição e força, foi apenas a sexta em doze confrontos de lá pra cá, que os times do Acre não são eliminados ainda no jogo de ida. Nem mesmo em revelar jogadores, eles são especialistas. O goleiro do Atlético-PR, Weverton, o ex-volante do Avaí, Rodrigo Galo, o atacante, ex-Porto de Portugal e Cruzeiro, Adriano Louzada são algumas dos poucos atletas que saíram do Acre.

Secretário de Educação e Esporte do Acre,
Marco Antônio Brandão Lopes
Agora me questiono como a maior autoridade política sobre esporte não quer ver a principal equipe de seu estado indo bem em uma competição nacional do principal esporte não só do país, mas do mundo. Como ele não torce ou apoia os atletas que ele deveria representar, do seu próprio estado, os quais ele deveria engrandecer, apoiar, dar o suporte necessário e nem ao menos torcer pelo sucesso deles ele consegue, e ainda escancara isso em rede nacional.

Não conheço os projetos do Secretário em questão, não sei se ele vem fazendo um bom trabalho em frente ao Governo do Acre, mas a propaganda dele foi a pior possível, é inadmissível esse tipo de situação e pior ainda, a imprensa achar lindo e bater palma, tratando um Vasco cheio de reservas, voltando de uma Segunda Divisão jogar no Acre, um entretenimento para pessoas que não podem ver o verdadeiro futebol, parecendo entretenimento para selvagens da bola. Isso não acontece apenas no Acre, qualquer local menos tradicional do futebol isso é evidente. 

Quando o Flamengo joga em Cuiabá, ou o São Paulo em Boa Vista, o Botafogo em Teresina, não importa a fase dos clubes, se é time reserva ou titular, tratam como se fosse a visita do Papa e ao invés de mostrarem a realidade do esporte no estado, de verem os problemas e situações, preferem mostrar os locais como fãs desesperadas do Justin Bieber e os boleiros como superestrelas.

Claro que com esse apoio, o Acre não iria virar uma potência no esporte, nem a torcida iria empurrar os clubes locais a grandes glórias, mas é o mínimo que uma autoridade desse segmento poderia fazer. Quando vemos os principais responsáveis pelo esporte no seu estado não dão a mínimo, não torcem ou apoiam o sucesso, a torcida prefere torcer pelo clube de fora porque é novidade ou sensação, apesar de muitos realmente serem torcedores, é um dos segredos para que muitas regiões ficarão sempre no marasmo.

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