domingo, 15 de novembro de 2015

Não existe imparcialidade no futebol

Torcedor do Málaga da Espanha chorando após
o clube se salvar do rebaixamento na última rodada
contra o poderoso Real Madrid
Desde que eu me entendo por gente e fã de futebol, vejo torcidas cobrarem dos jornalistas imparcialidade. Em 2006, quando comecei a escrever pro site, E-Futebol, comecei a ver que não era bem assim, era difícil esconder meu clube do coração. Hoje, nove anos depois, eu assumo sem medo que sou torcedor do Fortaleza Esporte Clube, inclusive trabalho com um site destinado ao clube. Quer dizer que eu sou um jornalista ruim? Isso cabe aos leitores, mas não vejo qual o problema de ter um clube do coração, afinal, para trabalhar e comentar sobre futebol, a paixão teve que vir de algum canto.

O velho ditado diz: "Não se discute futebol, política e religião". Eu já discordo dessa máxima social, como apaixonado por futebol, um centro-esquerdista pseudo-capitalista e ateu, acho que as três devem ser discutidas, mas que se acabe com o discurso dosado da imparcialidade maçante e se aceite o respeito as opiniões diversas, que as idéias sejam bem embasadas e sem achismos, afinal tratemos três das coisas mais importantes da vida com respeito e como ciência, daquelas ainda sem uma certeza absoluta.

O Fortaleza é parte importante de quem eu sou hoje, e da minha paixão pelo futebol, jogadores como Sandro Preigschadt, Clodoaldo, Erandir, Ronaldo Angelim, Bosco, Maizena e tantos outros, ídolos, gênios do futebol que sequer foram grandes craques, mas tem um lugar especial no coração deste jornalista. Seus gols, carrinhos, passes e defesas foram alimentando a minha paixão, que era completamente cega, afinal nos anos 90, quando comecei a ver o Fortaleza jogar, ele estava em uma Série C ainda mais sucateada do que a que joga hoje, passando longe de voltar pra Série B, diferente de hoje em dia.

Foi ali, no auge dos meus 7, 8 anos de idade, que a dupla Frank e Sandro Preigschadt me fizeram ser tricolor, depois vieram os gigantes Ronaldo, Zidane, Romário, Messi, começou no Cearense e cheguei até a trabalhar em uma Copa do Mundo. Foi um início simples, porém importante, me fez ver o futebol de um jeito diferente, com paixão obviamente, mas com bastante leitura, sem deixar que vontades de torcedor entrassem na visão jornalística de hoje.

Alguns dos melhores jornalistas esportivos, como PVC e Mauro Betting, palmeirenses assumidos, aceitam seus times para todos. Vejo que para muitos existe um receio de dizer, porque realmente torcedor é chato, reclama de tudo e sempre temos que comentar o que eles querem ouvir do clube deles, mas ser jornalista, especialmente dos que trabalham com futebol é comentar o factual, o que acontece e nem sempre temos de dizer que querem escutar, mas o que precisam escutar, porque nosso compromisso é com a paixão e também com a razão, e principalmente, com a informação.

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