1-Dida
Nelson de Jesus da Silva, 42 anos e natural de Irará na Bahia. Dida, o goleiro que nunca sorri, ainda está em atividade, mas hoje no banco do Internacional de Porto Alegre, o imortal arqueiro do Vitória vice-campeão brasileiro de 93, o paredão do Cruzeiro no título da Libertadores em 97, o mito do Corinthians no fim dos anos 90 e início dos anos 2000, titular do Milan em dois títulos da Champions na década passada, quarto goleiro que mais vestiu a camisa da Seleção e o 16º jogador que mais entrou em campo, com 91 partidas, Dida é uma lenda. Apesar de sempre ter sido inseguro em saídas do gol, debaixo dos paus era soberano, praticamente perfeito, seu reflexo era surpreendente, seu tamanho foi essencial, era por ele que Dida fazia defesas impossíveis, mas era por ele que se demonstrava desajeitado, especialmente no fim da carreira. Outra característica do goleiro era a força, dono de uma perna esquerda potente, não era cobrador de faltas, mas suas reposições de bola eram muitas vezes mortais, armava contra-ataques altamente perigosos, já que com muita facilidade colocava a bola no campo adversário.
2-Taffarel
Para quem cresceu nos anos 90 e jogou no gol pelo menos uma vez, estufou o grito: "Sai que é tua Taffarel". Não vou mentir que particularmente, Cláudio Taffarel, como ficou conhecido na Europa não me agradava tanto. Ídolo da torcida brasileira pelo título da Copa do Mundo em 1994 e por levar o Brasil até à decisão na Copa de 1998, Taffarel também era alvo de críticas, até o apelido 'Frangarel' era usado, especialmente depois da atuação vergonhosa contra a Bolívia nas Eliminatórias da Copa de 94 em La Paz. Taffarel é um dos goleiros mais vitoriosos da história, seja por clubes, Seleção ou individualmente. No Brasil, fez história no Internacional onde foi revelado em 1985 e jogou até 1990. No Colorado, é ídolo intocável, duas vezes Bola de Prata (em 87 e 88), foi um dos cinco goleiros a ganhar o Bola de Ouro da Placar, sendo o mais jovem entre eles, com 22 anos de idade na época. Abriu o caminho para os goleiros brasileiros na Europa, ao assinar pelo emergente Parma, em 1990. Em três temporadas, foi campeão da Copa da Itália e da Recopa Européia, saiu em 1993, por empréstimo ao Reggiana. Voltou ao Brasil em 95, contratado a peso de ouro pelo Atlético Mineiro, ganhando um Campeonato Mineiro e uma Copa Conmebol, saindo em 98 pro Galatasaray da Turquia. Foram três temporadas na Turquia, com dois títulos nacionais, duas Copas nacionais, uma Copa da UEFA sendo o melhor jogador da final contra o Arsenal de Bergkamp, Henry e cia, além de uma Supercopa da Europa vencendo o Real Madrid. Voltou pro Parma em 2001, pouco jogando e ganhando mais uma Copa da Itália, se aposentou em 2003, com uma carreira brilhante, de um goleiro que tinha reflexos incríveis e se posicionava como poucos.
3-Marcos
Goleiro de um time só, São Marcos como é conhecido e idolatrado pelos palmeirenses demorou para finalmente se firmar. Jogou profissionalmente pela primeira vez em 1992, em amistoso contra o Guaratinguetá, vencido pelo Verdão por 4x0 e ainda pegou um pênalti. Só foi estrear mesmo em um jogo profissional em 1996, pelo Paulistão, contra o União São João de Araras, quando virou segundo goleiro da equipe. Por anos ficou como reserva de Velloso, até que em 1999, o experiente goleiro se contundiu e Marcos assumiu a titularidade para não perder mais. Pegando muito, decidindo nos pênaltis contra o Corinthians e pegando pênaltis na final contra o Deportivo Cali, Marcão virou santo no Parque Antártica, título que nunca perdeu. Até sua aposentadoria em 2011, Marcos jogou um total de 532 jogos pelo Palmeiras, foi perseguido por contusões que não só encurtaram sua carreira como fizeram ele não virar nem a sombra do goleiro que foi no início da carreira. Campeão do Mundo em 2002 como titular, também venceu a Copa América de 1999 e a Copa das Confederações de 2005 na reserva de Dida, venceu diversos títulos no Palmeiras, muitos como reserva, com o bi-campeonato brasileiro em 93 e 94, a Mercosul de 98 e a Copa do Brasil no mesmo ano. O Rio-São Paulo de 93 e pelo menos três paulistões foram como reserva. Foi titular também nas conquistas da Série B em 2003, a Copa dos Campeões de 2000, o Rio-SP do mesmo ano e do Paulistão em 2008. Marcos era um grande pegador de pênaltis, abaixo apenas de Dida e Taffarel no futebol nacional, não era lá tão seguro e suas saídas de gols não era tão boas, mas tinha grandes reflexos, fechava o gol em partidas importantes e em bolas baixas era soberano.
4-Júlio César
Tinha tudo para ser o maior goleiro da história desse país, caiu no meio de uma safra que não vingou o esperado e seu psicológico fraco, também típico de sua geração fez parte de sua decadência. Revelado pelo Flamengo em 1997, foi banco de Clêmer nos primeiros anos. Em 2000, começou a ganhar espaço, virando ídolo e xodó da torcida rubro-negra. Foi contratado pela Internazionale em 2005 depois de se destacar na Copa América daquele ano, parando a Argentina nos pênaltis na grande decisão e garantir o título da Seleção, além de salvar o Flamengo do rebaixamento para a Segunda Divisão. Na primeira temporada foi emprestado ao Chievo Verona e voltou depois de não jogar um minuto durante todo os seis meses que por lá esteve. Tudo mudou no segundo semestre de 2005 quando voltou a Inter, logo tomou a vaga do gigante Francesco Toldo e conquistou em sete temporadas, catorze títulos, sendo cinco italianos, uma Champions e o Mundial Interclubes. Foi eleito por duas vezes o melhor goleiro do Calcio batendo nomes como o imortal Gianluigi Buffon e foi também o melhor da UEFA em 2010. Mas tudo mudou depois da falha contra a Holanda na Copa de 2010. Não passava a mesma segurança pela Inter, foi para o Queens Park Rangers da Inglaterra, começou bem, mas depois as falhas fizeram o carioca perder a vaga pra Robert Green e em 2014 foi para o Toronto FC do Canadá, pouco jogou por conta do curto calendário norte-americano antes do Mundial daquele ano. Apesar de tudo, fez uma boa Copa e com as boas atuações, hoje é titular do Benfica vice-líder do português.
5-Rogério Ceni
Natural de Pato Branco do Paraná, cresceu no Mato Grosso e no Sinop deu seus primeiros passos em 1990. Por lá, jogou onze partidas e era o goleiro reserva do título estadual daquele ano. Em Setembro de 1990, foi contratado pelo São Paulo e foi remanejado para as categorias de base. Começou a aparecer quando foi o goleiro titular da Copa São Paulo de Futebol Júnior em 1993, sendo campeão do torneio. Estreou no mesmo ano na Copa Santiago Compostela contra o Tenerife, foi colocado no Expressinho, time comandado por Muricy Ramalho que tinha jovens como Denílson e Catê, campeã da Copa Conmebol em 1994. Em 1996, Zetti saiu do tricolor paulista pro Santos e Rogério Ceni assumiu a titularidade do São Paulo para nunca mais sair. Artilheiro, campeão, líder, individualmente foi eleito melhor goleiro do mundo em 2005 pelo RSSSF, melhor goleiro da América do Sul quatro vezes pela IFFHS entre 2005 e 2008, goleiro da América do Sul da El País duas vezes em 2005 e 2006, melhor goleiro da Libertadores de 2005 e do Mundial no mesmo ano, seis vezes Bola de Prata, entre outros, foi para duas Copas do Mundo, sendo campeão sem entrar em 2002 e atuando alguns minutos contra o Japão em 2006. Seguro, com boa reposição de bola e mitológico em cobranças de faltas, participou de 1198 partidas, marcou 125 gols, ganhando mais de trinta títulos entre clubes e seleção, além de mais de 50 títulos individuais.
Twitter: @lucalaprovitera
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