quinta-feira, 7 de abril de 2022

Obrigado, Seu Orlando!

 


Seu Orlando tinha alguns amores na vida, a minha avó Nancy, os seus filhos e netos, amava sentar na praia para beber umas cervejas, conversar com amigos e olhar as morenas passando. Ele, meu avô, amava o Palmeiras por conta de sua ascedência italiana, aprendeu a amar o Botafogo pelo período em que morou no Rio, amava a Seleção Brasileira por representar tão bem o país que acolheu a nossa família, mas acima dos amores fora da família, o maior de todos era sem dúvidas o Fortaleza.

Esse amor passou para os filhos Miguel e Orlando. Meu tio Miguel foi parte da Garra Tricolor, foi torcedor célebre do clube nos anos 80, foi Diretor do Fortaleza, meu tio Orlando já foi mais comedido, mas sempre torcedor fiel de arquibancada. Quando chegaram os netos, perderam meu primo João para o lado alvinegro da força graças ao seu pai, mas comigo não iam deixar passar. Meu avô e meus tios foram os principais responsáveis por essa paixão.

Me levaram aos estádios desde os 7 anos, me deram minhas primeiras camisas, me ensinaram a conhecer a história do clube, me ensinaram o significado de amar o Fortaleza Esporte Clube. Seu Orlando viveu os anos 90 e não me deixava desanimar a cada dessabor daquela década maldita. Me ensinou que no futebol, a dor é momentânea, mas é necessária para entender o prazer da vitória. Foi ele que levou ao jantar do título de 2000, que me fez levantar a primeira taça como torcedor (literalmente), tudo isso com ele no seu jeito brincalhão de ser dizendo ao pagar nossas entradas: "aceita cheque sem fundo?".

Meu avô viu a volta por cima e o início dos anos 2000, apaixonado pela Seleção acordou cedinho e se emocionou com o penta. Foi sua última alegria com o futebol, adoeceria dias depois até nos deixar no dia 5 de agosto de 2002. Três meses depois, enquanto eu chorava o acesso à Série A contra o Jundiaí no PV, eu sabia que aquilo era para ele. 

Muito se passou, momentos maravilhosos e outros que gostaríamos de esquecer. Tivemos alegrias, taças, títulos, mas também sofrimento, rebaixamentos e crises, tudo parte desse mundo louco do futebol. Hoje eu acordei emocionado lembrando do meu avô e de todo amor, carinho e ajuda que ele me deu. O mundo nem sempre é justo, mal tive 13 anos para conviver com ele, mas o Seu Orlando me deixou um ensinamento único: amar o Fortaleza!

Hoje, cada um de nós levará um Seu Orlando no peito. Um pai, uma mãe, um irmão ou irmã, algum amigo querido, que infelizmente não estará presente, mas merecia viver esse momento conosco. Aos que tem sorte de ainda terem essa pessoa em suas vidas, aproveitem, do nosso lado aqui, o coração fica um pouquinho maior, é dia de lembrar deles e torcer pelo Leão!

Por Luca Laprovitera
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